Sunday, October 29, 2006

Projeto Itajovem


Um dos primeiros desafios que encontramos foi uma população adolescente que não participava de nenhuma atividade. Constatamos por meio de depoimentos que, lá, os sexos opostos, numa mesma oficina, acabavam por inibir a participação e o discurso do outro. Assim sendo, separamos os adolescentes masculinos dos femininos para atividades específicas, sendo que trabalhamos com as relações entre eles em outras atividades. Em nossas primeiras reuniões com aqueles que se mostraram interessados, e que para nós representavam o vínculo com a comunidade, a sugestão foi o esporte, que para os rapazes materializava-se no futsal; por sua vez, as principais “queixas” de saúde foram: o desemprego, a pouca perspectiva econômica da região e o desejo de, futuramente, deixar o bairro de Itapitangui a fim de buscar melhor qualidade de vida. Estruturamos, então, nossas atividades de maneira que nos sábados à tarde são realizadas Oficinas de Saúde e nos domingos pela manhã, Oficinas de Esporte.

Projeto Culinária Saudável nas comunidades de Itapitangui e Mandira

( meninas preparando mais um prato )

Desenvolvido com as mulheres da região, tem como pressuposto o fato de que essas são responsáveis, na maioria das vezes, pela escolha e preparo dos alimentos e exercem grande influência sobre os hábitos alimentares de sua família. Utiliza a culinária como estratégia de abordagem para a realização de oficinas de saúde, ancorado no conceito de que a alimentação saudável e equilibrada influencia diretamente a qualidade de vida. Baseia-se em atividades de prevenção e promoção em saúde alimentar e trabalha temas relacionados à alimentação saudável; higiene no preparo culinário; rotulagem nutricional e aproveitamento dos alimentos, adequando-se sempre às realidades locais. Busca estimular atitudes mais saudáveis na vida atual e futura, refletindo diretamente sobre as condições de saúde da comunidade; propiciar a mobilização desta para a resolução de seus problemas, criando subsídios para a auto-sustentabilidade. São realizadas oficinas de culinária relacionadas a temas de saúde, nas quais o grupo de mulheres participa ativamente da escolha e preparo das receitas, resultando em maior compreensão da relação existente entre a seleção dos alimentos e prevenção de diversas doenças. Embora os resultados de ações para promoção e prevenção em saúde sejam detectados a longo prazo, o Projeto estimula a conscientização para a importância da alimentação saudável, visando à melhoria da qualidade de vida. Além disso, cria subsídios para que a culinária seja futuramente utilizada como fonte geradora de renda. Diante das repercussões do assunto e do aceite por parte da comunidade, pretendemos estender este trabalho a outros grupos, a iniciar pelas adolescentes, as quais muitas vezes são responsáveis pelos afazeres domésticos, incluindo o preparo dos alimentos.

Artesanato e Costura: possibilidade de integrar lazer, educação em saúde e geração de renda

É desenvolvido com os grupos de mulheres e adolescentes femininas de Itapitangui e Mandira. Baseia-se na prática da educação em saúde, visando o desenvolvimento social, econômico e pessoal para promoção de qualidade de vida. O Projeto busca favorecer a aquisição de saberes voltados à promoção e manutenção da saúde para o desenvolvimento de atitudes e hábitos adequados ao estilo de vida saudável. Além disso, fornece subsídios para que o artesanato e a costura constituam-se como opções de atividades geradoras de renda. As oficinas de corte e costura são ministradas por profissional habilitado no ensino de técnicas de corte e costura. Já as atividades de artesanato são coordenadas por membros do projeto, introduzindo e aprimorando técnicas como tricô, crochê, ponto-cruz, vagonite, customização e confecção de bijuterias. O artesanato e a costura possibilitam o desenvolvimento de habilidades manuais; estimulam a criatividade; possibilitam o relacionamento entre pessoas com interesses comuns, estimulam a reflexão, concentração e disciplina. Também contribui para a mobilização para organização e alcance de metas individuais e coletivas. Além de servir como lazer, também podem constituir-se como atividades geradoras de renda, uma vez que os produtos artesanais possuem boa aceitação no mercado. As oficinas criam um espaço informal para a abordagem de temas específicos de saúde, atuando, dessa forma, como instrumento facilitador do aprendizado. O trabalho manual despertou o interesse, propiciando maior organização do grupo, pois as mulheres e adolescentes, por vontade própria, passaram a adquirir materiais, produzir de acordo com suas possibilidades, finalizar os trabalhos e buscar mais oportunidades de aprendizado. Foi possível notar que o fato do grupo produzir um resultado material concreto fez emergir questões de reconhecimento, auto-estima e auto-valorização, contribuindo para o bem-estar biopsicossocial. Além disso, as oficinas possibilitaram um ambiente de trocas de materiais, idéias e experiências, auxiliando os processos de socialização e integração da comunidade.

Esse é o Grupo Cananéia

No restaurante rural com a participação especial do Sr. Wilson


Na pousada, voltando para São Paulo


Pessoal fazendo arte!

Projeto de Sexualidade e Corporalidade na Adolescência

Realização de oficinas de saúde sobre os temas: transformações biopsicossociais na adolescência, menstruação, gravidez precoce, métodos contraceptivos, sexualidade, corporalidade, aparelho reprodutor masculino e feminino, higiene íntima e DST’s/AIDS; estimulando a participação ativa do grupo na aquisição do conhecimento e visando à autonomia deste. Partimos do pressuposto de que o processo de mudança comportamental terá melhores resultados se aliado ao prazer, o gostar e o sentir-se bem; assim, utilizamos como estratégia de abordagem o esporte e a dança aliados à educação em saúde, a fim de proporcionar socialização, solidariedade, motivação para expressão e conhecimento do corpo a jovens em situação de alto risco reprodutivo.

Projeto Saúde em Movimento nas comunidades de Itapitangui e Mandira

Baseia-se na premissa de que o ser humano é uma unidade entre corpo e mente; assim, utiliza a dança como instrumento para promoção e prevenção em saúde, já que a consciência corporal e a compreensão do funcionamento do organismo humano viabilizam a tomada de decisões no cuidado à saúde. Destina-se à população de faixas etárias diversas, e de ambos os gêneros, e aplica a técnica da Dança Integrativa, cuja finalidade não é ensinar coreografias ou determinada modalidade de dança, mas incentivar e valorizar o movimento. As aulas são ministradas por um coreógrafo, divididas em seis seqüências estruturais básicas (aquecimento, deslocamento, coreografia, técnica corporal, alongamento, relaxamento) e articuladas à realização de oficinas de saúde, onde são discutidos temas de interesse da comunidade. A Dança Integrativa aliada às discussões de saúde mobilizou a população a participar dos encontros, além de contribuir para sua integração e união. Ademais, a técnica oferece benefícios ao desempenho físico e saúde da população, resultando em melhores condições de vida. Assim, esse trabalho não repercute apenas no plano individual, mas na vida familiar, escolar e social, permitindo às pessoas uma melhora significativa na sua relação com os diferentes meios de sua evolução.

Projeto de Avaliação Qualitativa de Marujá

( Tomita e Lu verificando os materiais de audio e video)

Tem como objetivos avaliar o impacto das atividades desenvolvidas durante três anos (de 2001 a 2004) pelo Programa na comunidade de Marujá e na formação dos estudantes que do Programa participaram. As atividades desenvolvidas são: capacitação dos estudantes envolvidos na avaliação para a Metodologia Qualitativa de pesquisa pois a Avaliação conta com os instrumentos desta técnica: diários de campo, entrevistas com líderes da comunidade, oficinas com desenhos e imagens com as crianças, grupo focal com jovens e adultos; aplicação dessa preparação e capacitação em campo; elaboração de material sobre o que significou o Projeto como um modelo para ser aplicado em outras comunidades onde participa o Programa Cananéia, como um documento e registro para a comunidade de Marujá que nos recebeu. Os resultados esperados são envolvimento de estudantes e comunidade para um modelo de avaliação na extensão universitária.

Saturday, October 28, 2006

Projeto Documentário de Mandira

( Toshi realizando as primeiras filmagens )

Diante da câmera, pessoas antes tímidas, começam a contar suas histórias pessoais que se somam às diversas histórias da comunidade, criando-se, desta forma, um espaço para a reflexão sobre sua real importância dentro da sociedade em que vive. Após quatro anos de trabalho sobre eduacação em saúde em Mandira, os graduandos surpreendem-se ao descobrir novas realidades contadas pelos moradores, e têm a oportunidade de passar de espectadores para atores dessa realidade, aumentando assim o vínculo comunidade-universidade.

Projeto com Pré-Adolescentes de Itapitangui

( Daniel e Alberto entregando os uniformes aos pré-adolescentes)

O projeto foi embasado na necessidade de atrair crianças do sexo masculino na faixa etária das sete a quatorze anos sobre o tema saúde e respeito. Alguns dos assuntos abordados foram sugeridos pelas mães durante uma reunião em que expressaram dificuldades de abordar certos temas com seus filhos, como por exemplo: hábitos alimentares, importância da higiene, educação ambiental, precauções em acidentes domésticos, sexualidade e corporalidade. Outros temas são levantados através de reuniões com os próprios pré-adolescentes. A abordagem ocorre por meio de dinâmicas, discussões e atividade atrativas (jogos competitivos). A avaliação é realizada com jogos lúdicos para que o grupo demonstre os valores assimilados das atividades temáticas em saúde. Entre os projetos com eles desenvolvidos destacamos o Projeto de Educação Ambiental, o Projeto de Primeiros-Socorros e o Projeto Esporte.

Projeto de Educação Infantil em Saúde através do Lúdico

( Carol, o encontro da Emilia com as crianças)

A primeira importante etapa deste projeto foi a de estabelecer vínculo através de praticarmos com as crianças brincadeiras de “seu” mundo. A dificuldade estava em duas questões: o fato de já sermos “gente grande” e o fato de sermos “da universidade”. O diálogo com professoras da educação infantil, com os pais e as crianças foi a maneira de levantarmos as necessidades por eles sentidas. Os temas centrais foram dinamizados através de oficinas. Visamos à Educação em Saúde e para desenvolvê-la, trabalhamos com as crianças de maneira lúdica através de teatros, fantoches, recorte e colagem, gincanas, temas como “o corpo humano”, “verminoses”, “acidentes domésticos”, “nutrição”, “higiene alimentar”, “higiene do corpo”, “higiene bucal”, “o crescimento e o desenvolvimento”. Acreditando que “saúde” também encontra-se nas Artes, na História, na Ciências, trabalhamos com elas questões envolvendo o seu meio ambiente, “o planeta Terra”, “os estados físicos da água e a água”, “os animais”, “os homens e sua organização social”, “as formas de arte”.

Programa Cananéia – Uma Evolução


O Programa Cananéia é um projeto de extensão interdisciplinar da Universidade Federal de São Paulo desenvolvida por estudantes na região do Vale do Ribeira, a 230km da capital paulista, desde 1997. O trabalho de promoção em saúde é realizado, atualmente, com três comunidades distintas: Marujá, Mandira e Itapitangui. Através de oficinas cujos temas as próprias comunidades apontam como interesses para a saúde, a equipe organiza projetos de ação a serem implementados durante finais de semana em que a equipe está em campo e durante os dias em que os estudantes da universidade não estão na comunidade, garantindo, assim, sua auto-sustentabilidade. Dentre os projetos, destacamos os Projetos de Dança, Sexualidade e Corporalidade na Adolescência, Primeiros-Socorros com Pré-Adolescentes, Educação Infantil através do Lúdico, Costura/Artesanato, Culinária, Apicultura, Itajovem, Documentário, Avaliação Qualitativa de Marujá. Após encerramento de atividades na comunidade de Ariri e, agora, em fase de avaliação qualitativa das atividades executadas em Marujá, o Programa apresenta um novo desenho de abordagem, construído a partir dos dez anos de experiência e amadurecimento da equipe e do maior contato com as comunidades. Nosso objetivo de educação em saúde e o respeito pelo paradigma colocado por Paulo Freire - de que “COM a comunidade e não PARA ela” os universitários podem exercitar o ato libertário da educação como prática da transformação social - continuam e, agora, fundamentalmente aliados à busca pela saúde pública que considera os planos da população com a qual se trabalha, as suas atividades diárias e o seu conceito de saúde como a base para qualquer ação em saúde.